sábado, 30 de novembro de 2013
O Prédio Onde Eu Moro.
Estou há 120 dias a viver em Santiago. Pucha tanto tempo e tão pouco ao mesmo tempo.
A acrescentar às enormes saudades que tenho de Portugal, até já dá para ter saudades de algumas coisas aqui no Chile. Saudades de ir àquele restaurante, de estar com aqueles amigos. Saudades dentro de Saudades.
Como se Santiago fosse uma dimensão dentro de outra dimensão, cada vez a ganhar uma forma mais consolidada. Mas não se enganem, o Pedro é Português de corpo e alma e a sua verdadeira força é em Portugal que inspira energia, entre o mar da Costa Nova e o cheirinho luxuoso antigo que o prédio do Foco tem.
A excitação inicial deu lugar a uma rotina cimentada, pronta para o remate final deste primeiro período académico.
E, já era mais que tempo de mostrar o prédio onde eu moro.
É um prédio ondem vivem mil e quinhentas pessoas.
O senhor torto encontro sempre no elevador.
Reparo nele porque é torto.
Tal como o velhinho que tem uns olhos azuis claros e um chapéu que só os velhinhos com azuis claros podem usar.
Os porteiros são uma animação, devem ser praí uns dez.
Sempre prestáveis e simpáticos, uma excelente equipa de trabalho.
São vinte e quatro andares ao todo, quinze habitações por piso.
Eu moro no quarto andar.
Um dos mais baixinhos, (o que é bom no caso de haver algum terramoto inesperado).
Todas as manhãs, lá desço eu os quatro lances com a bicicleta verde em punho a ressaltar pelos degraus onomatopeicos.
Mal passo a linha da porta do prédio (como um avançado no limite da linha de fora-de-jogo), subo para a bicicleta e lá vou eu para a Escola ou para onde Santiago me quiser levar.
Visto em planta o prédio onde eu moro tem a forma de uma estrela de três pontas.
Talvez para compensar a ausência de estrelas que o smog da cidade produz diariamente.
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